quinta-feira, abril 08, 2010

Morre professor Milton Cabral


Olá blogueiros. No mesmo dia em que comemoro o Dia do Jornalista fiquei sabendo que acabo de perder uma das minhas referências profissionais.

Morreu na segunda-feira (5) em casa, na Asa Sul, em Brasília, o professor universitário e pesquisador de ciências da comunicação Milton Cabral Viana. Ele tinha 75 anos e sofria de problemas respiratórios. O potiguar teve a trajetória marcada pela dedicação ao estudo e ao ensino. Caçula de sete irmãos, cursou letras na Universidade Federal de Goiás (UFG). Mais tarde, concluiu mestrado em língua italiana na Università Italiana Per Stranieri e doutorado na Universidade Paris 3, sob orientação do semiólogo e filósofo francês Roland Barthes, um dos principais teóricos da comunicação social no século 20.

Na volta para o Brasil, lecionou na UFG por oito anos até se fixar em Brasília, onde deu aulas na Faculdade de Comunicação e no Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB). A carreira acadêmica teve de ser interrompida em 1977, com a segunda demissão de professores considerados subversivos pelo regime militar. Onze anos depois, foi contratado pela Universidade Católica de Brasília (UCB), onde trabalhou para criar o curso de Comunicação Social.

Ou seja, foi ele quem levou para a universidade que eu cursei, os conceitos da UnB, que contribuíram para a minha formação.

“Era um catedrático, no melhor sentido do termo. Um pensador, um pesquisador, alguém que tinha um olhar à frente do seu tempo, mas que, ao mesmo tempo, dava valor à tradição. De todos os títulos que obteve, o de professor é o mais importante. Ele foi o nosso professor”, ressaltou João José Curvello, diretor do mestrado em comunicação da UCB e um dos ex-colegas de trabalho de Milton. “O compromisso com a educação marcava os passos dele”, acrescentou o professor André Carvalho, atual diretor do curso de Comunicação da Católica.

Atualmente lecionando na Faculdade de Comunicação da UnB, o cineasta Mauro Giuntini relembra a convivência com o colega no curso de comunicação da UCB. “Ele era uma pessoa difícil de se entender, mas fácil de se gostar. Era muito cativante. Gostava de comida forte, aperto de mão forte. Era um provocador, mas tinha cuidado com o que devia ser falado”, afirmou Giuntini.


Durante as aulas, Cabral e sua inteligência invejável passeavam por temas tão distintos quanto semiologia, futebol, culinária e quadrinhos. Antes de tudo, foi um instigador. Um exemplo que marcou gerações de estudantes da cidade.

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