terça-feira, junho 08, 2010

Um tal time que nos fez sonhar

Sonhar é uma das mais importantes faculdades humanas. É por ele, o sonho, que projetamos as coisas, que podemos acreditar sempre, mesmo diante da verdade óbvia, que muitas vezes não é tão colorida quanto gostaríamos. Nos últimos meses e, em especial nos últimos dias, vínhamos, uma cidade inteira, compartilhando dessa ilusão gostosa de que poderíamos ser campeões. E não foi apenas um sonho vazio, produto da publicidade, fomos conquistados pelo futebol do Águia e pelo doce e inebriante sabor da vitória.

No domingo, no derradeiro embate, fomos às centenas daqui para Belém para mais uma vez apoiar o time e crédulos de que éramos capazes, de que podíamos e merecíamos ser os campeões de 2010. Fui ao Mangueirão e não me arrependo.

O doce sabor de ir ao estádio, da ilusão, é inigualável. Estávamos lá como uma força do futebol paraense, com um respeito conquistado no campo, com resultados e um histórico que aos poucos vai mudando a monotonia do RExPA que, se desta vez não caiu enquanto tabu, pelo menos foi ameaçado em vivas cores.

Não nos apequenamos, o time não ‘gelou’. Discordo de todos que digam o contrário. Devemos, em primeiríssimo lugar, admitir que o Paysandu jogou muito mais naquela fatídica tarde de domingo, mesmo que o sol, o céu azul e os nossos pensamentos positivos colaborassem para o contrário.

Analdo foi o guerreiro de sempre; Victor Ferraz, a quem por muito tempo achei ser produto de marketing, me calou, mostrou que é disciplinado, habilidoso, marcador e, ainda, um líder; Charles, o nosso zagueirão, estava com ‘sangue no olho’, como se costuma dizer.

Mas o nosso time estava cambaleante. O atacante Wando e o zagueiro Bernardo, embora tenham sido fundamentais ao Águia em todo o campeonato, dois grandes jogadores, sequer deveriam ter sido escalados, a bem da verdade. Estavam visivelmente sem condições de jogo, e mais, suas escalações queimaram prematuramente duas substituições, das três a que tínhamos direito.

Thiago Marabá, a quem a habilidade nos encanta, o rei do segundo tempo, parecia nem ter entrado em campo, tanto que parcela da torcida ao meu lado gritava pedindo a entrada dele no jogo, sem perceber que lá ele já estava há 20 minutos. Daniel, sempre perfeito, estava irreconhecível, virou o rei do passe errado, irritando até os companheiros. E do lado de fora, investido da ausência de Galvão à beira do gramado, o meia Gustavo é quem parecia ser o técnico. Gritava muito, gesticulava, orientava.

Aos 40 minutos do segundo tempo, já com 3x1 para o Paysandu, o vazio se alastrava pela arquibancada: boa parte dos aguianos já havia sumido. Eu quis ficar até o apito final, e fiquei. Caminhei 5 metros até a tribuna de honra e dei os parabéns sinceros ao presidente Ferreirinha. Disse que o time mostrara-se vencedor pela garra, pelo futebol de todo o segundo turno, e que havia mesmo nos orgulhado.

Como torcedor, não me arrependo de nenhum minuto empreendido em idas ao estádio e nem mesmo da viagem a Belém para torcer até o final, até o último segundo de um campeonato que foi diferente, que teve novidade: um tal Azulão e a sua apaixonada torcida.

Quanto ao Papão, e falo de seus jogadores, que nada têm a ver com o extra-campo, parabéns pela taça, merecida pela melhor campanha, pelo time mais sólido, com peças de reposição e adornado por talentos como Thiago Potiguar e Moisés.

Por fim, fica o gostinho de que estivemos com uma mão na taça, de que tínhamos um time campeão na técnica e na raça, mas que merecia um banco forte, um ‘camisa 9 matador' para fazer jus aos apoios de um atlético Aldivan e um cerebral Soares. Como fizeram falta em campo o nosso lateral e o nosso meio-campo!

Sonhamos tanto em azul, que nem sei se uma Copa do Mundo em verde e amarelo, com Dunga e Cia. terá tanta graça de agora em diante.

Patrick Roberto - jornalista e torcedor

 

3 comentários:

Voce foi ao ponto certo, rapaz. Foi assim mesmo o jogo.

Valeu Águia

Li no jornal hj. Ficou bom.
Vera Lúcia

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