quarta-feira, janeiro 18, 2012

Açaí paraense é avaliado por técnicos do Sebrae

Uma equipe do Sebrae Nacional está no Pará para uma visita de supervisão do Programa Alimento Seguro – PAS Açaí. A iniciativa vai reunir informações tecnológicas para melhorar o desempenho dos sistemas de cultivo, manejo, transporte, processamento e comercialização da fruta, bem como minimizar riscos à saúde do consumidor, como o Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, e a Salmonella sp. O trabalho começou na segunda-feira (16) e terminará nesta quinta-feira (19) com a vistoria nos estabelecimentos da capital.

A equipe esteve no município de Igarapé-Miri e visitou locais de cultivo que aderiram ao programa e a Feira do Açaí, onde o fruto é comercializado junto aos batedores nas chamadas rasas ou paneiros. “Estamos aqui para conhecer a realidade e verificar os erros e acertos da implementação do programa”, disse Léa Lagares, coordenadora da Carteira de Fruticultura do Sebrae Nacional. Integram a equipe o gerente de Agronegócios do Sebrae no Pará, Carlos Lisboa, e o gestor do projeto de Fruticultura do Sebrae no Pará, Mauro Pereira.

O grupo verificou como a metodologia está sendo implantada desde a coleta do fruto, passando pela debulha, transporte, higiene no manuseio e as boas práticas recomendadas até o açaí chegar à mesa do consumidor. Ou seja, todos os elos da cadeia produtiva da fruta estão sendo analisados. “A repercussão está sendo muito positiva, por isso viemos aqui para avaliar o trabalho e encontrar soluções para as dificuldades dos batedores e produtores da região que participam do projeto-piloto”, comentou Fabrini Monteiro dos Santos, assessor técnico do PAS Nacional.

O PAS Açaí está sendo executado, desde o ano passado, em um projeto piloto nos municípios paraenses de Igarapé Miri, Belém, Abaetetuba e São Sebastião da Boa Vista. O trabalho, realizado junto aos produtores, transportadores, comerciantes, agroindústrias e batedores, está sendo avaliado para corrigir possíveis equívocos e propor soluções compatíveis com a realidade amazônica. “Um dos problemas verificados é a resistência dos batedores e produtores em utilizar as basquetas de plástico para o transporte do fruto, que têm maior durabilidade e é muito mais higiênica que as rasas de palha comumente usadas”, explicou Péricles Carvalho, coordenador do PAS Açaí do Sebrae no Pará.

O produtor Joubert Pantoja trabalha com o cultivo do fruto em Igarapé-Miri desde que o PAS Açaí foi implantado em sua propriedade. Ele conta que percebeu visíveis melhoras nos negócios. “A gente chega com o açaí limpo na feira e vende muito rápido, porque os compradores sabem que é de qualidade. Temos muito mais cuidado com o manuseio”, comentou o produtor, que também é técnico em agropecuária. Joubert colhe cerca de três mil latas por safra e vende para uma indústria de polpa de açaí no município de Castanhal.

 Marco Shinichi Noda mora em Igarapé Miri e trabalha há 10 anos com o cultivo da fruta. Para ele, o PAS Açaí está sendo um divisor de águas. “A gente sempre tentou fazer nosso trabalho da melhor forma possível, mas nos faltava informação. Com o PAS conseguimos algo mais concreto”, afirmou. Ele implantou o uso de luvas, lona para a triagem da fruta, bainhas para as facas, telas para cobrir o açaí coletado, além de local para pesagem. Noda produz cerca de 400 toneladas por safra, trabalha com 14 pessoas e vende para atravessadores de outros municípios.

Batedores
Durante a visita em Abaetetuba, o grupo de técnicos do Sebrae verificou as condições de trabalho em cinco estabelecimentos de venda direta do açaí processado. Seu Francisco Rodrigues comercializa açaí há 13 anos e mantém cinco funcionários em seu estabelecimento, o Açaí do Fran. É um caso de sucesso da implementação do PAS Açaí na cidade. Trabalhando com venda direta, informa que cerca de 30% das vendas são delivery e que contratou um funcionário específico para as entregas.

“Atingimos quase todos os bairros e as vendas dobraram nos últimos meses”, disse seu Francisco, ao se referir às 35 rasas da fruta vendidas diariamente, número que há três meses atrás não passava de 16. “Aumentamos muito nossa clientela, pois todos sabem do trabalho que temos para oferecer um produto de qualidade, o que conseguimos depois do programa”, observou. Ele mantém quatro máquinas batedoras e utiliza água filtrada e cloro. “Fiz o teste e verifiquei que a água retirada do poço artesiano não era de boa qualidade, por isso adquiri um filtro industrial. Agora a água é 100% pura”. O empresário também está fazendo uma reforma: mudou o balcão, que atualmente é de granito, e aumentou o espaço do ponto comercial. “Com as mudanças, observei aumento de 40% nos lucros. Minha expectativa é 60 rasas por dia daqui a seis meses”.

Todos os dez batedores de açaí que utilizam a metodologia PAS Açaí em Abaetetuba realizam o chamado branqueamento do açaí – que consiste em um tratamento térmico que elimina em 100% o protozoário da doença de Chagas, segundo o assessor do PAS Nacional, Fabrini Monteiro dos Santos. No processo, a água é aquecida a 80 graus e o fruto é imerso por 10 segundos antes de ir para o batedor. Logo depois é resfriado. “A utilização da técnica mata possíveis vestígios do causador da doença de Chagas e é a garantia de um açaí de qualidade”, concluiu. (Agência Sebrae)

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