quarta-feira, abril 06, 2011

A dois passos do centenário

No dia 5 de abril, o CORREIO DO TOCANTINS circulou, como já tradicional, com edição especial em homenagem ao aniversário de emancipação político e administrativa de Marabá. Em termo editorial, com as reportagens que publicamos hoje, convidamos os nossos leitores a uma reflexão sobre o que é este município aos 98 anos.

Mesmo céticos, falamos sobre um futuro prometido, ligado a um projeto industrial – a Alpa -, muito festejado, mas que até agora não mostrou a que veio, nem em reflexos econômicos, muito menos em cumprimento das condicionantes para a sua implantação. De outro lado, um passado romântico e inspirador, mas que é pouco cultuado e se perde em registros históricos confusos e dependentes dos relatos dos poucos moradores tradicionais ainda vivos.

Desta forma, é patente que Marabá, a dois anos do seu centenário, tanto se alimenta de uma promessa de futuro ainda pouco factível, quanto tem uma dívida enorme com a sua memória.

Lamentamos, por exemplo, que uma figura da monta de Francisco Coelho da Silva, o fundador de Marabá, não tenha a sua trajetória de vida descrita em uma biografia, ou mesmo em um resumo que indique como era estruturada a sua família e que destino tiveram seus descendentes. Em 2011, o CT encontra e divulga sobre uma senhora de 63 anos que seria bisneta do pioneiro. Ela tem uma vida tão simples, quanto se pode imaginar o cotidiano de um ribeirinho da gema.

Mas e neste século, aos heróis de hoje, do cotidiano, a vida tem sido mais simples do que foi nos primórdios? Tanto quanto avançamos como sociedade, as nossas demandas ganham novo patamar.

Voltamos nossas esperanças quanto ao trânsito numa duplicação de rodovia que já chega defasada e sem que tenhamos um plano viário próprio. Enfrentamos um sistema de saúde falido como o do restante do País, porém permeado da intolerância de alguns profissionais e do fisiologismo político que enxerta apadrinhados nos cargos chave para o atendimento ao cidadão.

Hoje somos 233.462 habitantes, segundo o censo do IBGE e merecemos de aniversário, ampliar as nossas mentes, repensar as prioridades e sermos mais atuantes, enquanto cidadãos.

Em vários momentos da história de Marabá é possível encontrar registros de lutas em que a sociedade civil organizada teve papel preponderante, sobretudo tomando à frente em campanhas, quando o poder público mostrou-se pouco eficaz. Com o passar do tempo, inversamente proporcional ao avanço da democracia, parece que nos apequenamos, terceirizando o nosso destino aos governantes e até mesmo deixando de cobrá-los.

É o momento de virarmos a mesa e tomarmos as rédeas rumo ao nosso futuro, mais críticos e, principalmente, mais participativos.

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