sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Clandestinidade no fornecimento de carvão é denunciada em rede nacional


O Jornal da Globo de ontem (22) foi aberto com uma denúncia em rede nacional de TV envolvendo o fornecimento de carvão para siderúrgicas do DIM (Distrito Industrial de Marabá). De acordo com a reportagem produzida pela TV Liberal, o Ministério Público está investigando esquema montado por carvoeiros ilegais para driblar a fiscalização nas estradas do Pará, através de pagamento de propina a Policiais Militares e fiscais. Além de entrevistar os promotores criminais José Edvaldo Sales e Júlio César Costa, os repórteres expuseram uma série de situações já amplamente divulgadas pela Imprensa regional, inclusive pelo CORREIO DO TOCANTINS, como a falta de uma estrutura da Sectam (Secretaria Estadual de Meio ambiente) em Marabá.
O Ministério Público divulgou imagens gravadas em outubro de 2006, em que caminhoneiros transportando carvão param em barreiras da PM e cumprimentam policiais militares com um aperto de mão. Na versão dos promotores, no ato o que se vê na verdade é a efetivação do suborno com a entrega do dinheiro ao “agente da lei”.
“Existe um certo acordo, ou conivência, entre os caminhoneiros e os policiais para que esse carvão irregular passe sem que seja apreendido”, denuncia o promotor criminal José Edvaldo. O valor médio desse “agrado ao PM” gira em torno de R$ 50, segundo o outro promotor, Júlio César.
O Comando da PM em Belém, através do Cel. José Osmar Rocha Neto, chefe do Estado Maior, por sua vez, garantiu que os policiais envolvidos foram afastados e responderão a processo administrativo, podendo inclusive serem expulsos da corporação, caso algo fique provado contra eles.
Sem fiscalização
Também é denunciada a precariedade da fiscalização nesta região do Estado. A TV Globo mostrou imagens de nove picapes paradas na Gerência Executiva do Ibama em Marabá, situação existente, segundo o próprio gerente regional Edivaldo Pereira da Silva admitiu, por falta de dinheiro para consertar os veículos e até para comprar combustível. “Falta tudo. O governo não tem combustível, não tem dinheiro pra despesa. Não tem nada”, confirma Edivaldo.
A última grande fiscalização em siderúrgicas de Marabá, como forma a pressionar as mesmas a só adquirirem carvão com origem comprovada, foi em abril do ano passado. Já as indústrias mantém o discurso de que só utilizam matéria prima legal. “Isso é o resíduo de uma árvore que veio da floresta amazônica devidamente aprovado pelas leis ambientais brasileiras”, defendeu
Afonso de Oliveira presidente do Sindiferpa (Sindicato das Industrias de Ferro-Gusa do Estado do Pará).
Segundo o Ibama, as siderúrgicas utilizam 100 mil caminhões de carvão por ano e pelo menos a metade seria ilegal. O gerente regional do Ibama afirmou que os fiscais só voltam a atuar quando chegar dinheiro do governo federal para realizar as operações. “É bom vocês divulgarem para que Brasília mande recurso aqui, pra gente trabalhar”, disse Edivaldo.
O presidente do Ibama, Marcus Barros, respondeu que o Pará foi o Estado que mais recebeu dinheiro no ano passado: R$ 6 milhões, e que há fiscalização efetiva.Por outro lado, consultado sobre a parte da fiscalização que cabe ao governo do Estado, o secretário Executivo de Meio Ambiente, Valmir Gabriel Ortega, admitiu que não há estrutura de fiscalização e controle, mas garantiu que o novo governo já está providenciando isso. (Patrick Roberto)

1 comentários:

Aprendi muito

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