Asfalto, saneamento, saúde e habitação, tendo como pano de fundo o duelo entre o governo federal, nas mãos do PT e o governo estadual, com o PSDB, ambos sem candidaturas próprias em Marabá, mas apoiando candidatos, marcou o primeiro debate das eleições municipais para prefeito de Marabá. O encontro entre Cezar do Comércio (PRP), João Salame (PPS), Manoel Rodrigues (PSol), Maurino Magalhães (PR) e Tião Miranda (PTB) foi na noite de ontem (21), transmitido pela TV RBA (Bandeirantes). Não houve um bloco para perguntas por temas, o que fez com que os candidatos restringissem o debate a quatro áreas, na prática.
O debate estava previsto para duas horas de duração, conforme ratificado no início pelo mediador Marcelo Marques, o Bacana, porém, acabou durando apenas uma hora, dividido em quatro blocos. As ordens das perguntas estavam definidas em sorteio, com regras acordadas na presença dos representantes das coligações. O CORREIO DO TOCANTINS e outros veículos de comunicação tiveram acesso franqueado pela RBA aos bastidores.
No primeiro bloco, os candidatos foram questionados pelo mediador sobre o que fariam no primeiro dia de governo, caso eleitos. Manoel Rodrigues e Cezar do Comércio prometeram auditorias em todas as secretarias para saber a real situação da administração.
Maurino, por seu turno, dentro do discurso de “humildade” que adotou na sua campanha, disse que seu primeiro ato seria consertar os próprios erros e emendou com a primeira alfinetada ao rival Tião Miranda, ao afirmar que seu maior erro foi ter mantido em cargos pessoas que foram do governo anterior.
Foi o próprio Tião o próximo a falar e este também não poupou o atual governo, indo direto ao maior gargalo da atual administração, a saúde pública. Prometeu, como primeiro ato, “arrumar a casa” na saúde, mutirão de limpeza pública e colocar salários em dia.
Salame falou em implantar equipes de saúde na família, implantar programa de saneamento e calçamento, além de despachar as unidades de saúde.
Ironias
Logo no segundo bloco, quando puderam escolher livremente a quem queriam dirigir suas perguntas, os candidatos tentaram usar de estratégia ao fazer os questionamentos e empregaram ironias durante as réplicas e tréplicas, deixando as propostas em segundo plano.
Tião fez pergunta a Salame sobre a promessa dos 500 km de asfalto na cidade e a partir daí, na resposta, réplica e tréplica, ambos criticaram aos governos do Estado e Federal.
Salame fez pergunta a Maurino sobre o vale alimentação atrasado e este disse que nunca atrasou salários dos servidores.
Maurino, por seu turno, mirou Tião e insistiu para que ele dissesse a fonte dos recursos da duplicação da Transamazônica e da orla, querendo que o adversário admitisse que eram obras federais geridas pelo município. O atual prefeito tentou ironizar a resposta do petebista, que respondeu no mesmo tom.
Esquecidos
Três temas sempre apontados como gargalos da administração municipal e alvos de reportagens e rotineiras queixas da população simplesmente foram esquecidos pelos candidatos em suas perguntas e respostas. O recolhimento e destinação do lixo, merenda escolar e o transporte público ficaram de fora das discussões.
Por outro lado, asfalto, saneamento e situação da saúde, sobretudo do Hospital Municipal, foram recorrentes e insistentes ao extremo. Isso ficou mais evidente ainda na fala do atual gestor, Maurino Magalhães, tentando, sem muito sucesso, estabelecer comparações entre o seu governo e o anterior. Salame esquivou-se do esperado, que destinasse o foco de suas perguntas a Tião Miranda, porém isso não aconteceu. Ele preferiu mirar Maurino e nas réplicas insistir nos temas que elegeu como mais populares.
Torcida
Maurino, Tião e Salame, como era de se esperar, levaram suas torcidas para acompanhar o debate do lado de fora da TV, onde estava instalado um telão. Os grupos dos dois primeiros estavam em maior número e fizeram muito barulho, principalmente quando os candidatos começavam a falar.
A Polícia Militar estava presente em peso no local, principalmente com policiais do Comando Tático e suas viaturas. Apesar das provocações de lado a lado, não houve registro de agressões físicas e nem foi necessária a intervenção da PM ou detenções.
Ao final, do lado de dentro, os candidatos se cumprimentaram de forma urbana, inclusive Tião e Maurino, que foram colocados lado a lado nos dispositivos. Eles concederam entrevistas e deixaram o local, logicamente festejados por seus aliados.