sexta-feira, agosto 06, 2010

Cada um por si e Deus por todos

O prefeito de Marabá, Maurino Magalhães de Lima, pode estar perdendo a chance histórica de, tendo chegado ao poder com grande apoio popular, ser um prefeito diferente, inovador. Essa premissa, em si, já caiu na reta inicial do seu governo, lá atrás, ao manter na administração membros da equipe do seu antecessor, que não só simbolizam o continuísmo, que o seu eleitorado havia expurgado, quanto impedem as inovações do seu governo ao desobedecerem suas determinações e mesmo ignorar a sua autoridade como mandatário.


A conclusão de que alguns secretários não obedecem ao prefeito é auferida não por este articulista, mas pelo vice-prefeito Nagilson Amoury e pela presidente da Câmara, Júlia Rosa. Ao se revezarem na interinidade do cargo de prefeito nos últimos dias, ambos revelam dificuldade de contato com os secretários de Maurino, os quais simplesmente não atendem as ligações telefônicas. Nagilson, antes achava que era ‘marcação’ com ele, agora percebera que seria este o tratamento que eles, com raras exceções, dão também ao titular, Maurino.

Júlia, por sua vez, em seis dias como prefeita em exercício, foi praticamente ignorada pelos secretários municipais, quando tentava descobrir por qual motivo servidores estavam sendo dispensados na Educação, em situação de flagrante perseguição aos mesmos. Sua indignação por não ter sido levada a sério como prefeita em exercício foi exposta na sessão da Câmara de terça-feira (3), quando ela fez um desabafo revoltado.

Uma outra coisa que Nagilson e Júlia Rosa descobriram na prática é que as secretarias têm agido de forma independente, sem obediência a um núcleo central. No atual governo cada secretário faz o que quer e ainda usa o nome do prefeito para abonar suas decisões. A frase: “É ordem do chefe” já virou bordão nos corredores da administração, mesmo que às vezes esse chefe, o prefeito, sequer saiba que a tal decisão foi tomada.

Na Câmara Municipal a situação não tarda a piorar. Maurino não se deu conta de que perdeu de uma vez só os seus dois únicos e genuínos articuladores: Miguelito e Irismar Sampaio - ambos licenciados do Legislativo. Convidado a assumir a liderança do governo na Casa, Nagib Mutran não quer colocar em risco o seu prestígio (é cotado a próximo presidente da Câmara) e exige mudanças no tratamento que o prefeito relega aos seus aliados.

Não entende, por exemplo, como o gestor pode passar mais de seis meses sem reunir com a sua base de apoio. Para Nagib, aliás, neste momento Maurino Magalhães não tem uma base, mas a colaboração de vereadores que querem ver a coisa dar certo.

Em três dias que passou à frente do governo, desde segunda-feira, Nagilson segue uma fórmula que foi inaugurada pelo próprio Maurino lá atrás, em 2005, ao assumir a Prefeitura por cinco meses no afastamento de Tião Miranda. Amoury decidiu deixar de “adular” o secretariado para tentar resolver os problemas com atitude e diálogo. Faturou pontos com servidores municipais e fornecedores, tratando-os como aliados e não como inimigos.

Fora da Prefeitura desde o último dia 27 de julho, Maurino Magalhães estaria em tratamento de saúde, após expor que é cardíaco. O seu retorno exigirá atitude de quem está de coração renovado. Primeiro porque os servidores públicos estão na expectativa se ele respeitará ou não os acordos firmados por Nagilson com os sindicatos e, segundo, para agir como articulador resolvendo pendências e fazendo valer sua autoridade junto ao secretariado.

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