Reuters repercute
desinteresse da Vale
e do governo pela
siderúrgica
Uma
das principais agências de notícias do mundo, a Reuters divulgou por meio do
seu escritório brasileiro, no último final de semana, reportagem dando conta da
paralisação das obras da Alpa (Aços Laminados do Pará), em Marabá. A repórter
Sabrina Lorenzi faz uma abordagem completa do caso, embora não apresente
novidades, além das já publicadas pelo CORREIO DO TOCANTINS ainda no primeiro
semestre do ano, quando a própria Vale, dona do projeto, admitiu que só
retomaria as obras com o início da derrocagem do pedral do Lourenção, no Rio
Tocantins.
O
jornal Estado de São Paulo foi um dos que publicou a matéria no sábado (28/9),
com o título: “Vale suspende construção de siderúrgica em meio a impasse com governo”. A Reportagem
afirma que a construção da siderúrgica patina entre um impasse da mineradora
com o governo brasileiro e a necessidade de a empresa postergar investimentos
fora de suas áreas de prioridade por conta da crise. As fontes seriam
autoridades de uma pessoa com conhecimento direto das decisões da companhia.
A
estagnação do projeto começou na virada do governo Lula, grande padrinho da
construção de cinco siderúrgicas pela Vale, para o governo Dilma Rousseff,
quando a derrocagem que faz parte do plano da Hidrovia Tocantins-Araguaia,
simplesmente sumiu do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o qual define
as prioridades do governo.
Empresários
e políticos, impulsionados pela opinião pública, pressionaram o governo federal
na metade deste ano e receberam a promessa de que a derrocagem seria agilizada,
porém a hidrovia não voltou a constar no TAC. Em entrevista ao CORREIO DO
TOCANTINS, o diretor de Siderurgia da Vale, Aristides
Coberline, declarou que a mineradora não desistiria do projeto, mas assumiu que
a construção está paralisada até que a navegabilidade do Rio Tocantins seja
retomada.
FONTES
Além
das fontes não reveladas, a Reuters entrevistou o atual secretário de
Indústria, Comércio e Mineração do Pará, David Leal, assim como o secretário
Municipal de Indústria e Comércio, João Tatagiba, ambos falando sobre o estágio
atual da obra da Alpa, que não passou da terraplenagem.
A
siderúrgica é um projeto que envolve investimento de 3,2 bilhões de dólares e
capacidade anual de produção de 2,5 milhões de toneladas de placas de aço em
Marabá.
O
impasse envolvendo o chamado Lote 11 da Gleba Quindangues, uma área particular
onde é explorada água mineral, por outorga do DNPM, também é citado pela
repórter, sem maiores detalhes. Ela lembra que a área está em disputa judicial,
uma vez que o proprietário não aceitou os termos da avaliação feita pelo
governo do Estado na desapropriação.
“Sobre
a terraplenagem, a obra foi realizada até onde foi possível, com 85 por cento
dela executada, devido ao impasse do lote 11”, responde a mineradora em resposta enviada
à Reuters na sexta-feira.
PROTOCOLO
Segundo
David Leal, a diretoria da Vale pediu que o governo assinasse um protocolo de
intenções se comprometendo com as obras da hidrovia. De acordo com o secretário do Estado, a
mineradora disse que, se o governo assinasse o documento, imediatamente
retomaria as obras.
O
governo federal trabalha para destravar o impasse, mas não vai assinar o
protocolo de intenções para a execução das obras da hidrovia como propôs a
Vale, afirmou à Reuters uma fonte do governo, que preferiu ficar no anonimato.
“A
entrada da Vale na siderurgia foi um dos pontos de discórdia com o governo que
culminaram com a saída de Roger Agnelli da presidência da mineradora. O governo
no tempo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a cobrar maior
participação da mineradora no setor siderúrgico”, diz a reportagem.
DIFÍCIL
E CARA
A
hidrovia Araguaia-Tocantins enfrenta problemas de navegabilidade, com
necessidade de obras para retirada de pedras que impedem a travessia de
embarcações num trecho de 43 quilômetros – uma obra cara e difícil. O
projeto já estaria em estágio de licenciamento.
A
Vale contratou uma consultoria para realizar um segundo estudo de viabilidade
técnica e econômica do empreendimento, o qual deve ser concluído em novembro.
DESFAVORÁVEL
O
problema da hidrovia é crucial, mas o cenário econômico desfavorável também
acabaria atrasando de qualquer forma projetos de siderurgia da Vale, segundo
uma fonte que acompanha as decisões da companhia e analistas de mercado.
Diante
do fraco desempenho do mercado de minério de ferro e aço, a Vale foi obrigada a
rever seus investimentos e priorizar projetos mais importantes para evitar
resultados financeiros ruins.
De
acordo com a fonte com conhecimento da situação, que pediu para não ser
identificada, projetos de siderurgia não estão entre as prioridades da
companhia e deveriam mesmo ficar para depois.
Segundo
o analista do Goldman Sachs, Marcelo Aguiar, os projetos de siderurgia que
ainda não foram aprovados não devem passar pelo crivo dos conselheiros tão
cedo. "A Vale não deverá aprovar nenhum novo projeto, irá tocar apenas os
que já se iniciaram e os de minério de ferro", afirmou. (CORREIO DO TOCANTINS, com
informações do Estadão)
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