segunda-feira, janeiro 03, 2011

Mulher, economista e... guerrilheira

Gosto muito dos artigos do tenente Dirceu Cardoso Gonçalves. Ele é  dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) e tem sempre visão crítica e apurada dos fatos nacionais. Tomo a liberdade de reproduzir este artigo dele. Aproveitem:




Mulher, economista e... guerrilheira


A economista Dilma Rousseff assume como 36º presidente da República. É a primeira mulher, a primeira economista e a primeira ex-integrante da luta armada a assumir o poder. Sucede a Lula, o primeiro operário e retirante nordestino a governar, que conclui sua jornada com invejável aprovação, superior a 80%. O momento é positivo, com projeções de crescimento. É necessário, no entanto, investir mais na segurança pública e distribuir melhor a renda.

Olhar o retrovisor da história nos remete a brindar a regularidade democrática. Em 120 anos de República, fomos governados por 21 advogados, nove militares, dois jornalistas, um médico, um engenheiro, um sociólogo e um metalúrgico. Dois presidentes (marechal Deodoro e Jânio Quadros) renunciaram; três (Washington Luis, Getúlio Vargas e João Goulart) foram depostos; dois (Rodrigues Alves e Tancredo Neves) morreram antes da posse; dois (o eleito Julio Prestes, em 1930, e vice Pedro Aleixo, em 1969) foram impedidos de assumir; e um (Fernando Collor) foi afastado pelo Congresso.

Dos 35 presidentes, só 15 conseguiram terminar o mandato. Houve épocas em que os governantes eram eleitos sem o voto popular. Assim foi com o Marechal Deodoro, no governo provisório, logo após a proclamação da República, seu sucessor, Floriano Peixoto, Getúlio Vargas entre 1930 e 1945, e os presidentes militares pós-64, que eram referendados pelo Congresso Nacional e Colégio Eleitoral, que teve sua última reunião em 15 de janeiro de 1985, para eleger Tancredo e Sarney, líderes da Nova República. Em duas oportunidades – na Revolução 1930 e na doença de Costa e Silva, em 1969 – o país foi governado por juntas militares.

Em momentos distintos, os vice-presidentes receberam tratamentos diferentes. Em 1891, Floriano Peixoto assumiu normalmente o lugar de Deodoro da Fonseca. Em 1909, Nilo Peçanha terminou o mandato do falecido Afonso Penna. Em 1918, Delfim Moreira assumiu, mas teve de promover eleições para substituir Rodrigues Alves, morto pela gripe espanhola. No ano de 1954, Café Filho substituiu Getúlio Vargas após seu suicídio, mas, por razões políticas, foi obrigado a tirar licença de saúde. Em 1961, o vice João Goulart só conseguiu assumir depois de aceitar a imposição militar do parlamentarismo, criado às pressas e por ele derrotado no plebiscito de 1963. Na doença do marechal Costa e Silva, em 1969, o vice civil, Pedro Aleixo, foi impedido de assumir. Em 1985, Sarney assumiu e governou os cinco anos em lugar do falecido Tancredo e, em 1992, o vice Itamar Franco cumpriu o mandato do “impichado” Fernando Collor.

Ocorreram os casos de Carlos Luz, que substituiu a Café Filho e governou apenas por três dias porque não conseguiu controlar o golpe que setores das forças armadas queriam dar no eleito Juscelino, mesmo motivo da “doença” do sucessor de Getúlio. O do jornalista Ranieri Mazilli, então presidente da Câmara dos Deputados, assumiu a presidência nos momentos críticos da renúncia de Jânio Quadros e na derrubada de João Goulart, quando havia o risco de guerra civil. Ficou conhecido nas redações como “o modess”, aquele que por duas vezes ocupou o lugar para evitar o derramamento de sangue.

Oxalá o Brasil já tenha superado o tempo dos trancos à democracia e que, doravante, seja, cada dia mais, o líder da América Latina e, principalmente, justo na distribuição de renda aos seus cidadãos...

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