O serviço telefônico do governo federal Disque 100, destinado a receber denúncias de abusos contra os direitos humanos, está agora à disposição para informações que possam ajudar na busca aos restos mortais de desaparecidos da Guerrilha do Araguaia. A informação foi confirmada ontem (27) pela ministra chefe da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Maria do Rosário, que está em Xambioá (TO), na divisa com o Pará, acompanhando as buscas do Grupo de Trabalho do Araguaia (GTA).
Maria do Rosário e sua comitiva, formada também por parentes de desaparecidos, desembarcaram ontem nas primeiras horas da manhã em Marabá e daqui seguiram via terrestre para São Geraldo do Araguaia, no lado paraense da divisa. O comboio foi escoltado por viaturas e homens da Força de Segurança Nacional, os boinas vermelhas, que agora ganharam força no GTA, enquanto a participação do Exército, foi praticamente esvaziada.
Até o início deste ano era o Exército Brasileiro, por meio da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, que fornecia o apoio logístico à busca por restos mortais, o que sempre foi criticado por grupos ligados a partidos e por parentes dos desaparecidos. Com a ascensão da nova titular da Secretária de Direitos Humanos a composição do grupo mudou e os familiares passaram a ter mais voz no processo.
Cemitério
A nova expedição tem foco, pela terceira vez no cemitério da cidade de Xambioá, onde vários depoimentos de pessoas que moram na região indicam existirem despojos dos ativistas da época da guerrilha. O trabalho nesta etapa teve início na segunda-feira e se estenderá até 4 de agosto.
Acredita-se que a grande maioria de guerrilheiros mortos pela ditadura militar ainda estejam sepultados no Cemitério de Xambioá. Na década de 1990, foram localizados no local os restos mortais de Maria Lúcia Petit e Bergson Gurgão, os únicos guerrilheiros identificados no conflito que produziu mais de uma centena de desaparecidos políticos.
O GTA, reformulado em maio, é coordenado pelos ministérios da Defesa, Justiça e pela SDH. Uma equipe técnica pericial, familiares dos mortos e desaparecidos da guerrilha e representantes do Ministério Público Federal (MPF) também participa das expedições. Em dois anos, o grupo encontrou dez ossadas, as quais foram devidamente recolhidas ao Hospital da Universidade de Brasília (UnB) e aguardam perícia do Instituto Médico-Legal do Distrito Federal.
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