quinta-feira, maio 12, 2011

Oposição quer CPI para investigar Darci Lermen

A Presidência da Câmara Municipal de Parauapebas minimiza as denúncias graves feitas esta semana pelo presidente da Vale, Roger Agnelli, quanto ao destino dos milhões de royalties pagos pela mineradora ao município. De outro lado, a oposição promete não deixar o caso acabar em pizza e vai propor uma CPI para investigar o contrato que a prefeitura mantém com escritório de advocacia, além de levar o caso ao Ministério Público do Estado.

O caso estourou no último final de semana, quando da circulação da revista Época, com detalhes da carta que Agnelli, às vésperas de ser substituído no comando da Vale, enviou à presidente da República, Dilma Rousseff, denunciando o prefeito de Parauapebas Darci Lermen (PT) por receber R$ 700 milhões da mineradora referentes a royalties e não reinvestir em infraestrutura urbana.

O executivo aponta, ainda, que a administração municipal manteria contrato com escritório de advocacia do Sul do País com percentuais definidos de ganho para este segundo em caso de ações contra a mineradora pelo não pagamento da compensação.

A reprodução da reportagem no CORREIO DO TOCANTINS e em outras mídias teve grande repercussão na cidade e deixou os moradores perplexos com a história. Na terça-feira (10), data do aniversário do município, muros amanheceram pichados com palavras de ordem contra o prefeito.

Ao tomar conhecimento das pichações, o gabinete do prefeito mandou uma equipe às ruas, ainda durante o feriado, para pintar novamente os muros e cercas com os dizeres, apagando imediatamente as frases contra Darci, algumas delas chamando-o de ladrão e outros adjetivos impublicáveis.

Longe dos holofotes
Tão quão preferiu silenciar sobre o caso, o prefeito Darci Lermen, como era de se imaginar, não participou dos eventos oficiais da comemoração dos 23 anos de emancipação do político-administrativa do município. Ao microfone era perceptível que os mestres de cerimônias e apresentadores, principalmente no palco da Praça de Eventos, evitavam falar o nome do prefeito, referendo-se mais à administração. Quanto do lapso dos responsáveis, em citar nominalmente Darci, o ensaio da vaia era percebido entre a multidão. Alguns mais afoitos gritavam: “Cadê o prefeito que não aparece?”.

Além da falta de infraestrutura nos bairros periféricos da cidade, os habitantes sofrem com a falta de água potável nas torneiras das residências. A prefeitura, conta com a segunda estação de captação, tratamento e distribuição de água pronta para ser inaugurada no Bairro Liberdade II, mas a Rede Celpa ainda não instalou no local uma subestação de rede elétrica para fazer funcionar a estação.

CPI
Procurado pela reportagem do CT, o vereador Antônio Massud (PTB), da bancada de oposição, disse que o caso é de extrema gravidade e que o Poder Legislativo deve uma satisfação à sociedade em pelo menos instalar uma Comissão Parlamentar para investigar a denúncia feita por Roger Agnelli.

Massud diz que está articulando com os colegas José Adelson (PDT), Francisângela Resende (PMDB) e Faisal Salmen (PSDB) para apresentarem ainda esta semana a proposta de instauração de CPI, assim como enviando o caso para o Ministério Público Estadual, para que proponha as implicações necessárias aos eventuais culpados por desvios.

Questionado sobre se a Câmara Municipal não vem acompanhando a aplicação dos royalties recebidos por Parauapebas como compensação pela exploração mineraria, Massud diz que não é de hoje que são feitos os pedidos de esclarecimento, mas a base aliada ao prefeito vem trabalhando no sentido contrário, lamenta ele.

Minimizado
Pelo visto a Presidência da Câmara Municipal tende a não levar a denúncia feita por Roger Agnelli à frente, uma vez que procurado para falar sobre o caso, o presidente, vereador Euzébio Rodrigues, do partido de Darci Lermen, o PT, respondeu com postura de um líder do governo e minimizou a gravidade do caso. “O executivo da Vale apenas denunciou, mas não apresentou provas”, respondeu, de cara, o vereador.

Euzébio Rodrigues discorda também do valor de R$ 700 milhões que Roger diz ter repassado à Prefeitura de Parauapebas referentes aos royalties no período de 2005 a 2010. Este valor, segundo o presidente da Câmara, teria chegado a pouco mais de R$ 500 milhões.

Indagado se a Casa de Leis já teria recebido alguma manifestação da oposição referente a eventual pedido de instalação de CPI, Euzébio respondeu que até esta quarta-feira (11) a Mesa Diretora ainda não tinha recebido nada a respeito do assunto.

Coletiva

O presidente da Câmara de Vereadores informou que, de acordo com o que fora informado pelo Gabinete do Prefeito, o gestor municipal estaria convidando a imprensa para, ainda nesta semana, para uma entrevista coletiva onde esclareceria toda a situação.

O prefeito Darci Lermen foi novamente procurado pela reportagem da Sucursal do CORREIO DO TOCANTINS em Parauapebas, mas não foi localizado pela equipe do Jornal.

Depois de tentativas ligações inúteis via celular, a reportagem encaminhou mensagem “SMS” sugerindo a Darci Lermen uma entrevista. O gestor respondeu simplesmente “ok”. Noutra mensagem enviada, perguntando onde e quando seria a entrevista, o prefeito se calou. (Patrick Roberto e Waldyr Silva)

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