sábado, outubro 02, 2010

Juízes promovem blitz a reunião partidária

Uma reunião partidária que seria promovida pelo Partido da República (PR) na noite de quinta-feira (30/09) no clube Asfem, na Nova Marabá, acabou encerrada de forma inusitada depois que os juízes eleitorais Cláudia Favacho Moura e Cristiano Magalhães Gomes foram ao local, conferir denúncia recebida. A reunião era coordenada pelo próprio prefeito Maurino Magalhães de Lima, que assumiu estar no local na condição de presidente da legenda. O encontro, no entanto, foi estranhamente abortado antes mesmo do seu início, por volta das 19 horas.

O juiz Cristiano Magalhães confirmou que a denúncia foi formalizada no cartório eleitoral pela vereadora Vanda Américo (PV). Ela alegou que servidores públicos, no caso detentores de cargo de confiança - os comissionados -, teriam sido obrigados a comparecer ao evento.

“Estivemos no local, por volta das 19 horas. Realmente o prefeito estava lá juntamente com várias pessoas e diante da nossa chegada eles desistiram de fazer qualquer tipo de manifestação, simplesmente encerraram e nós também fomos embora, já que não tinha mais nada”, respondeu o magistrado, reforçando que será redigida uma ata da fiscalização ao evento e dando conta de que o encontro não ocorreu.

A reportagem insistiu com o magistrado sobre qual tipo de crime eleitoral poderia estar contido nesse tipo de atividade, ao que ele respondeu: “O prefeito pode reunir quem ele quiser, obrigar ou não, desde que essa reunião não tenha caráter político. Se for institucional, pode. O que nós percebemos é que eles teriam convocado os funcionários com cargo de DAS para participar de reunião política e isso já não pode”, explica, destacando que chegou ao local antes do início da atividade.

No local, destacando que estavam ali como observadores, os magistrados deixaram claro que não iriam interferir ou impedir a realização do evento, mas que mesmo assim, espontaneamente, os organizadores cancelaram a reunião, fato estranhado pelos juízes.

Como a blitz promovida à reunião política na Folha 17 ocorreu logo após uma ação de fiscalização a propaganda política, os juízes estavam acompanhados da escolta de policiais do Comando Tático Operacional da PM. A chegada dos homens armados causou grande burburinho no clube, segundo pessoas que estavam presentes.

Defesa

Prefeito diz que não infringiu legislação

Já o prefeito Maurino Magalhães assume que a reunião tinha cunho político eleitoral, reunindo filiados ao PR e simpatizantes para tratar das campanhas de candidatos da legenda a cargo eletivo. Também garante que estava lá na condição de presidente do diretório local e num tipo de atividade que lhe é facultada legalmente, pois não fazia uso de prédio público.

Ele chegou a nominar os candidatos para os quais pediria votos na reunião: Lúcio Vale, Elza Miranda e Irismar Sampaio, todos do PR e Paulo Rocha e Ana Júlia e a Dilma Roussef, do PT, partido com o qual a sua agremiação é coligada no plano estadual e nacional.

“Para comprovar essa denúncia feita pela vereadora Vanda Américo, seria necessário ter algum documento assinado por mim, ou alguma gravação que comprovasse que eu tinha mandado alguém ir. Essa reunião não foi convocada por mim. Várias entidades foram convidadas”, justifica-se.

Ele cita como exemplo de pessoas de outros partidos que estavam lá, Miguel Gomes Filho (PP), que é superintendente de Desenvolvimento Urbano de Marabá. Disse que mesmo este foi ao local espontaneamente. “Havia um convite, e isso é legal, para várias pessoas da sociedade, várias entidades e partidos, que falava a mesma linguagem política”, diz, sem seguida.

Maurino explica, ainda, que chegou a ver o documento com a denúncia formal da vereadora, o qual lhe foi apresentado pelos juízes e pelo chefe do cartório eleitoral, mas insiste em que a reunião não feria a legislação eleitoral, pois “ninguém foi obrigado a comparecer”.

Desafeto da vereadora Vanda Américo, autora da denúncia, o gestor não deixou de atribuir a queixa a perseguição política que diz sofrer por parte da mesma, a qual é oposição ao seu governo na Câmara Municipal.

0 comentários:

Postar um comentário